quinta-feira, janeiro 27, 2005

Livres para sonhar!

Bom dia.

A Nova Luz ainda se devia perguntar que diabo era afinal um grande jogo que envolvesse o Benfica.

Ontem , casa cheia, duas equipas conscientes do carácter definitivo do jogo, empenharam-se e proporcionaram um espectáculo digno de um derby Benfica - Sporting.

Num jogo em que Trap dispôs o Benfica num 4-3-3 adaptado ao Sporting, Manuel Fernandes, Petit e Bruno Aguiar foram sempre inferiores ao trio Custódio-Roca-Viana. E o "segredo" do Sporting é esse! Qualidade, Posicionamento e Força Física. E depois com uma tripla com muito futebol no pé (Sá Pinto, Barbosa e Liedson) o Sporting, prometeu golear, pois desde o 1º golo do Benfica (num golpe de génio de Sabrosa!) os leões dominaram completamente, chegando a vulgarizar o Benfica. Este período acabou com o 2º golo dos encarnados. Mais um livre muito bem marcado, uma defesa incompleta de Tiago e uma 2ª recarga de Geovanni (no bloco de notas de Peseiro deve estar a bold 67 "rever marcações nas recargas"). O Sporting sentiu o 2º golo e "acalmou", deixando o Benfica crescer, ganhar confiança e conseguir ir para o intervalo empatado.

No 2º tempo, marcado desde cedo (para ser sincero não sei precisar quando foi a lesão) pela lesão do custódio, o Sporting retraiu-se. Pensei desde logo que poderia ser este um erro de Peseiro. Porque não Miguel Garcia em vez de Moutinho, colocando Rogério no meio? Não tendo sido determinante, foi importante para o Benfica que Rochemback tenha recuado. O Sporting perdeu capacidade de construção de jogo e o Benfica, com a boa substituição de Aguiar por Dos Santos, conseguiu, pela 1ª vez, jogar de igual para igual. Depois, foi ver um jogo que estava cá e lá, com 22 atletas a dar o que tinham. Mais uma nota importante. O Benfica cai fisicamente muito mais cedo que o Sporting, deixa "partir" o meio campo, e transmite a sensação às bancadas que só metade da equipa defende, enquanto a outra metade contra-ataca. O Sporting, mais compacto, não conseguiu fazer maior mossa porque não conseguiu com Moutinho o "carrosel" que tinha com Rochemback, e porque tanto Barbosa como Sá Pinto, pela fadiga, tinham perdido algum descernimento. Passado um pouco, saiu Rogério e entrou Garcia, mas o figurino táctico manteve-se.

Chegavam ao fim noventa minutos de intenso frenesim, com futebol e garra, em que o Sporting foi mais equipa, jogou melhor, e valeram ao Benfica as deficiências dos mais fracos sectores seu adversário, a defesa e o guarda redes. Um grande golo de Viana, dois excelentes livres do Benfica e um grande golo (irregular) de Liedson. Um grande jogo.

No prolongamento, jogava-se a capacidade de manter o equilibrio físico e mental. O Benfica começou muito melhor, mais rápido, mais efectivo, mas mais uma vez a não recuar em bloco permitindo que Liedson aparecesse, se conseguisse virar e criasse sempre problemas. Depois a expulsão de Viana. Se o jogo não sentiu grandes mudanças com este facto, porque o Benfica continua a não ter capacidade de fio de jogo e de soltar a bola para quem está em condições de a receber, foi pouco depois que vimos Carlitos rematar ao travessão, numa situação clara de golo. Depois, o segundo momento alto do prolongamento. Num mau passe de Petit (ou lá quem foi...) Paíto recupera a bola. Mete-se na mota e arranca por ali fora numa cavalgada que só acabou junto à Juve Leo. Um golaço. Igual nunca vi, só parecido! (Poborsky contra o Braga e Bruno Basto contra o Porto). Aos 110 minutos, cantou-se vitória. Mas ninguem perdeu a esperança, mesmo os que já iam saindo do estádio. Depois, São Simão voltou a fazer das dele. Numa resposta à altura, o melhor jogador do Benfica arrancou, num momento de luxo, um pontapé brilhante que acabou com os festejos na zona verde, com a ideia de chegarmos mais cedo a casa e com a minha voz.

Por fim, os penalties...são penalties. Ganhou o Benfica. Foi o que teve de ser.

Concluindo, um grande jogo de futebol, que merecia bem mais que ser apenas um dos oito jogos desta eliminatória da Taça. Uma final da Taça UEFA, isso sim. Parabéns a todos os intervenientes

Quanto a figuras, pelo Sporting destaco o laborioso Custódio, os virtuosos Viana, Barbosa e Roca, o inspirado Paíto e o irrequieto Liedson. Pelo Benfica, a boa actuação de Luisão, a muito boa exibição de Dos Santos e Fyssas, o pragmatismo de Geovanni, o fabuloso jogo de João Pereira e a excelência de Simão Sabrosa.

Por fim, gostaria de destacar o mais triste de ontem, que pela beleza do todo, apenas arranha o essencial. ponto um, nenhum clube em portugal pode apontar o dedo à "falta de desportivismo" do adversário, por cenas iguais à protagonizada por João Pereira e Hugo Viana. A falta de desportivismo vai desde o "bater e ver se ninguém vê", "não ter levado e fingir uma síncope", "cair para o penalty", "cair para o livre", "queimar tempo", blá, blá, blá. Prejudicados: o àrbitro, que vê a sua missão mais dificultada por ter de distinguir entre o bom actor e a falta ou agressão, e o espectador, que vê o espectáculo enviusado por uma atitude pouco digna. No final, eram os dois levados ao quarto do Pia, levavam dois marrecos e aí sim, fazia-se justiça.

Para todos, um grande abraço,


Guifes

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