quarta-feira, agosto 11, 2004

Benfs - Anderlecht - By Narigus Cangurus

Na primeira prova oficial da época, o Benfica exibiu-se de forma muito inibida e saltou á vista a deficiente organização ofensiva dos encarnados. Com um golo nos primeiros 20 minutos seria de crer que a equipa poderia soltar-se na sua movimentação, mas o que se assistiu até ao final do jogo foi um conjunto de jogadas dispersas, sem uma construção coerente e bastante previsiveis, excepto uma ou outra triangulação. No entanto gostei de vêr a 1ª parte, em que estivemos razoáveis, principalmente no capitulo de recuperação do esférico e pressão ao nivel do meio campo. A 2ª parte encarnada foi muito fraquinha e as poucas coisas que até aí estavam a ser bem feitas deixaram de o ser, e viu-se um Benfica a defender um magro resultado, durante um significativo periodo do jogo.
Os pontos chave para mim que justifiquem esta exibição foi que ao contrário do desejado pelo Trapattoni, os alas nunca conseguiram destabilizar a defensiva contrária e não existe ninguém que organize e compasse o jogo ofensivo encarnado. Assim, a grande % das jogadas era através de futebol directo, lançando bolas para o Sokota que procurava continuar a jogada com o apoio dos jogadores vindos de trás visto que nunca teve ninguém que o auxiliasse ao seu lado.

Um resultado magrinho nestas lides europeias a 2 mãos, mas temos até 24 Agosto para melhorar alguns pontos essenciais e recuperar jogadores lesionados e que não puderam constituir opção. E sempre estamos a ganhar por um 1 – 0!

Sem ter visto os primeiros 10 minutos, e sabendo que a análise televisiva é sempre um pouco enganadora, aqui fica a minha análise individual:

Yannick – seguro nas saídas, e muito atento ao jogo. Ainda falta dar o salto mental competitivo do Alverca para o Benfica. Está a ganhar ascendência sobre a concorrência.

Miguel – segundo sei, nos primeiros minutos voltou a cometer lapsos defensivos, mas é uma falha que lhe aponto á muito no capitulo da concentração durante os jogos (passe, posicionamento). Tirando esses momentos, anulou quase a 100% o Wilhelmsson, o melhor jogador dos belgas e subiu muitas vezes pelo seu flanco em busca dos desiquilibrios. Mas faltou um J. Pereira que desse seguimento ás suas jogadas. Foi dos melhores para mim.

Argel – procurando ser o mais isento possivel, pois não gosto deste jogador, acho que jogou uma merda (pronto lá se foi a minha isenção)... Com um cartão amarelo prematuro, o único lance em sobressaiu foi o alivio de uma bola após saida do Yannick e remate do Mpenza. Com excepção desse lance, falou poder de leitura de jogo e antecipação na movimentação do jogo belga. Recupera rapidamente, Luisão, sff.

R.Rocha – o melhor jogador do Benfica, para mim. Intervenções cruciais na defesa, sendo que na 2ª parte teve alguns lapsos na marcação ao Aruna que poderiam ter sido fatais. No entanto, foi a voz de comando no centro da defesa e é claramente um dos melhores centrais a actuar em Portugal e o melhor do Benfica (este comentário é em jeito de resposta a análises facciosas de lagartos).

Dos Santos – conseguiu anular o Mpenza quando este derivava para o seu flanco, mas se defenvivamente esteve razoável, esteve muito contido no apoio ao Simão e a falta de entendimento com este foi evidente. Tem que se soltar mais.

P. Almeida – é um jogador extremamente útil na pressão, posicionamento e ocupação de espaços no meio-campo defensivo. Esteve bem na 1ª parte, mas esteve demasiado lento na 2ª parte. A utilidade única deste jogador é na recuperação de bolas. Quando já não consegue cumprir este papel deixa de ser útil á equipa, pois não é um jogador para segurar jogo. Viu-se que será um dos indiscutiveis do Trappatoni. Entretanto gostei do seu remate de ½ distância. Com mais confiança e atrevimento e melhores indicices fisicos pode (e deve!) melhorar.

Petit – deixou de ser o médio mais defensivo, e é exigido que auxilie na construção do jogo ofensivo. Pecou nesta última parte, mas tal como o P. Almeida esteve bem na 1ª parte no capitulo da recuperação de bolas. Falta maior entendimento com o seu colega de meio-campo e tem que procurar mais as triangulações com os alas e laterais.

Zahaovic – marcou o golo. E marcou o golo e depois..... marcou o golo. Para além disso, assinalo apenas uma boa triangulação... e ... marcou o golo... pronto. Este jogador desaparece de tal maneira do jogo que parece que já recolheu ao balneário. O sistema de jogo directo que equipa fez para o Sokota tb não o ajudou, mas este Zahovic continua muito parecido com o da época passada. A sua subsituição pecou por tardia.

J. Pereira – esforçado, mas exigia-se muito mais ao ala direito encarnado. Frente a um lateral teoricamente lento, nunca conseguiu ganhar um lance e falhou no apoio ofensivo ao Miguel. Desperdiçou uma oportunidade para agarrar o lugar. Fraquinho, muito fraquinho, teve a sorte do Trap não ter opções no banco pois seria um dos substituidos. Esperemos que o Carlitos esteja operacional dia 24.

Simão – muito se esperava do capitão do Benfica, mas exceptuando alguns pormenores em remates, nunca conseguiu ganhar os duelos individuais. Um jogo muito pouco conseguido para uma das referências da equipa, mas que ontem esteve muitos furos abaixo daquilo que pode fazer....

Sokota – o 2º melhor jogador do Benfica. Um mouro de trabalho na forma como tinha que recepcionar as bolas altas, sendo constantemente marcado por 1 ou 2 defesas ao mesmo tempo. Procurou as tabelas com os médios e com os alas, mas esteve sempre muito só. Teve uma excelente oportunidade mas o defesa-central belga conseguiu acompanhar muito bem o excelente movimento do croata. Saiu extenuado. Muito bem.

B. Aguiar – veio trazer maior fluidez e lucidez ao jogo encarnado, na altura em que a equipa não conseguia gerir o seu jogo e estava a ser dominada pelo Anderlecht. Entrada tardia.

Karadas – não teve oportunidades para mostrar o seu jogo aéreo apesar de ter tido um ou outro pormenor interessante. Tem caracteristicas que deverão ser aproveitadas mas apenas quando os alas conseguirem explanar o seu jogo.

Trapattoni – pois é, pois é.... este treinador é um conservador inato. Mexeu na equipa tarde de mais e caso tivesse sofrido o empate teria parte da culpa! A equipa esteve razoável na 1ª parte, mas na 2ª claudicou a nivel fisico e de organização e tinha que se mexer na equipa mais cedo! As poucas coisas que um treinador pode alterar num jogo é isso mesmo! Vamos ver como vai ser a versão Supertaça.

Narigus Cangurus – o gajo com o blog proporcional ao seu nariz

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