quarta-feira, outubro 31, 2007

Carta aberta a Paulo Bento

Caro Sr. Paulo Bento,


Escrevo-lhe como associado, adepto e apaixonado pelo SCP, clube do qual é treinador, e muito bem no meu ponto de vista, para onde trouxe disciplina, qualidade, jovens e títulos, há demasiado tempo arredados da nossa vitrina.

Não sou arruaceiro, não pontapeio autocarros e não ofendo aqueles que defendem as mesmas cores que eu defendo, apesar de saber hoje, que jogadores e treinadores vivem da lei de mercado, e ao sopro de uma tentadora oferta, sairão sem olhar para trás. Já eu serei sempre do meu SCP e defenderei e vibrarei sempre com ele, ao longo da minha vida.

Tem todo o crédito da minha parte, toda a legitimidade para levar a equipa aos troféus em disputa, e não pense em desistir, pois nunca foi homem de virar a cara à luta, mas tem de perceber que ainda não sabe tudo, e nunca o saberá, pois mais ignorante é aquele que pensa que tudo sabe.

A critica é muitas vezes o móbil para o êxito, saber ouvir é um dom em desuso, e terá que entender que muitas das pessoas que o criticam (no sentido construtivo), apesar de saberem menos de conceitos técnicos e de não trabalharem no dia-a-dia com os seus jogadores, tem direito a discordar de si. E discordar, não é abater e hostilizar, é buscar nessa tertúlia de ideias, uma melhoria efectiva.

O que não posso perdoar, é teimosia e reacções Scolarianas, na tentativa de fazer o contrário do que é lógico e comprovado que não funciona. Pois, o pormenor de não funcionar, de não se vencer com MVeloso a central e com Moutinho subaproveitado a trinco, implica que uma pessoa de ideias fixas e personalidade forte, se torne num teimoso e arrogante, e pior que tudo, num fracassado.

Pode argumentar que tentou com o Fátima e não funcionou, onde Gladstone e Tonel foram incipientes, e Paredes a trinco, mas quem não foi? Foi tudo demasiado mau para ser verdade numa equipa treinada há 2 anos por um treinador como o senhor, foi um retornar aos tempos de Peseiro, onde um equipa se fragilizava, nas horas das decisões e nos jogos a doer. Isto não acontecia às equipas de Paulo Bento, sempre despertas para a competição, sem laivos de soberania.

Em Roma, muda e assume que MVeloso deve ser central, querendo colocá-lo nas dobras à marcação de Tonel, mais brigão e mais à imagem de Gladstone, no entanto a defesa entrou em colapso sempre que foi posta à prova, mormente termos tido oportunidades de vencer o desafio.

Na Madeira a questão persiste, e mais flagrante se torna quando andamos 70m a ver jogar nessa mesma forma de jogar, sem rompimentos e mudanças de flanco, sem quem faça a diferença (valha Sjtoikovic), sempre sem garra e à mercê de uma equipa banal, até que tudo volta ao antigamente e a vitória não aprece por acaso ou sortilégio.

Convicções fortes, sim. Não se deve gerir de fora para dentro, mas alterações comprovadamente falhadas, são teimosia. E isso não é perdoável, mesmo a um treinador com qualidade suficiente para fazer mais e melhor, e com as aquisições faz-de-conta, que andamos anos e anos a fazer para vender game box’s.
Aqui está muita da explicação...não há matéria-prima. Não há 2ª linha e mesmo no 11, nem todos tem classe para jogar num clube que sabe reconhecer aqueles que o fazem em cada dia ser cada vez maiores, com aconteceu nestes 2 últimos anos e desejo que aconteçam muitos mais...anos e títulos.

Um abraço, com estima, consideração e esperança,

Helder Carrudo
Sócio nº 44.884

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom, parecia que te estava a ver de blusão aberto e mão no bolso, a outra a segurar o cigarro, na janela da 3.ª a falar devagar e pausadamente. Uma prosa acompanhada dum dentinho curioso e dum semicerrar de olhos trocista/sobranceiro... Ah, que saudades!
Vamos jantar?

Um grande abraço,
VH