quarta-feira, fevereiro 01, 2006

20ª Jornada – O pressuposto é o pai de todos os erros

Koeman equivocou-se. Paulo Bento já sabia.

Do alto das suas sete vitórias seguidas, Koeman olhou para o Sporting e pensou em parti-lo ao meio. Pressionando alto, jogando às faixas, trocando de posições na frente. Na defesa, proteger as bolas paradas e deixar Liedson a haver-se com a intrasponível barreira brasileira. Como? Com Beto e Petit a partirem pedra no meio, com Nelson e Simão a perfurarem um lado esquerdo sem cobertura às subidas de Nelson e com Geovanni, Manduca e Nuno Gomes na àrea a aproveitarem os erros de Tonel, Abel ou Polga, esses erros que aparecem sempre uma ou duas vezes por jogo. Enganou-se? Bem, Abel errou mesmo um passe, Custódio até cometeu um erro infantil, Nelson até nem tinha cobertura...Qual foram então os pressupostos que falharam? Como justificar tamanho banho de bola?

Foi demasiado fácil perceber ainda nas conferências de imprensa que o Sporting iria apostar tudo no pressing na saída da bola. Não era surpresa, nem sequer inovação. Era óbvio, e Koeman só ajudou ao colocar-se (a ele e à equipa) a jeito. Vamos lá a ver. Koeman debate-se com o dilema de meter a jogar a equipa que corre, ou a equipa que sabe. Pois bem, o mérito do treinador está precisamente em meter a equipa que sabe ...a correr.

Apostar em Beto a trinco, só com a ajuda de um também limitado (fisica e tecnicamente) Petit na tentativa de anular a criatividade leonina, era receita condenada a azedar, uma vez que era evidente para P. Bento que pressionar um e outro, era meio caminho para chutão para a frente ou para passe errado e perda de bola. E sem bola não se ganham jogos.

Alcides foi outro equívoco. Um defesa (a lateral ou central) que ataca melhor do que defende é sempre de estranhar. Foi assim o ano passado em Belem, foi assim no jogo em que foi expulso já este ano, e também assim nas boas exibições em que atacou bem, mas não teve de defender. Pondo-lhe Liedson em cima, o coitado do brasuca ficou feito em picanha! (e não lhe perdoo ter falhado o cabeceamento e depois ter vindo a passo numa de “o luisão resolve”)

Manduca e Geovanni foram outros dois erros. Não tiveram bola, não souberam procurá-la, confinaram-se ao seu espaço e a marcar laterais que não tinham por missão subir. Nem precisavam...Se somarmos a isto um Simão fora de forma (ou com a cabeça noutros vôos), um Moretto que sucumbiu à pressão (é diferente do Bonfim, não é?) e um Nuno Gomes que nada fez ou pode fazer, pouco resta para qualificar um Benfica que já entrou derrotado.

E derrotado porquê? Por sobranceria e falta de humildade? Talvez um pouco mas nem vou por aí. Mais porque se concentrou mais em anular o Sporting que em jogar à bola, dando o lugar dos artistas (Karagounis, Robert, Leo) aos operários (Beto, Manduca, Alcides). E contra o Sporting, ou outra equipa do seu calibre, convém jogar à bola.

Naturalmente, nem tudo se resume ao Benfica. O egocentrismo da análise não pode escamutear (termo tão futebolistico!) a excelente exibição do adversário, muito concentrado, nada imaturo, muito bom em todos os aspectos do jogo. E quando se perde assim, há que dar os parabéns.

Quanto a mais e a menos, rebuscando um pouco, no Benfica talvez apenas Nelson e Nuno Gomes pelo esforço. Pela negativa, obviamente, Koeman.

Virando a página, em Vila do Conde, o Porto voltou a escorregar e acabou por acamar o tropeção e não fugir ao Benfica. Braga, Nacional e Boavista a ganhar e Setúbal a perder, com Guimarães a afundar-se para a mais surpreendente das descidas de divisão...Pimenta volta que estás perdoado!

Quanto à antevisão do jogo em Leiria, venha a remodelação em direcção ao antigo e consigam Quim, Nelson, Andersson, Luisão, Leo, Petit, Karagounis, Simão, Robert, Miccoli (se puder. Se não, Nuno Assis!) e Nuno Gomes ser titulares. No banco Moretto, R Rocha, M. Fernandes, Geovanni, Marcel, Nuno Assis e M. Ferreira ou Manduca.

Para todos um grande abraço,

Guifes

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